Escrito por: Claudia Pizzolatto
Retirado de http://lordcao.com.br
Foi pensando em todas as pessoas que têm dúvidas sobre a saúde de seus cães que resolvemos fazer este LordCão News. É muito comum nós recebermos mensagens fazendo perguntas sobre as condições de saúde física dos peludos. Desde perguntas como “Qual a ração eu devo dar para o meu cachorro?”, até perguntas como “Meu cão tem convulsões várias vezes na semana, está tomando tal e tal remédio, o veterinário disse isso e isso, o que devo fazer?”, ou ainda “Minha cadela está grávida, o que devo fazer para que os filhotes nasçam sadios?”
Sempre ficamos preocupados e gostaríamos de poder ajudar nestes casos, mas a verdade é que não podemos. Nenhuma das treinadoras da Lord Cão é veterinária, e mesmo que fossemos, sabemos que não se pode fazer um diagnóstico correto usando somente a Internet.
Nestes casos o nosso conselho é sempre o mesmo: Não demore mais e procure o seu veterinário de confiança, pois só ele pode avaliar qual é o melhor tratamento para o seu peludo.
Se você já falou com o veterinário, mas ainda assim não se sente seguro, procure uma segunda opinião. Isso é muito normal e é até saudável quando estamos falando da saúde de quem amamos.
É bom lembrar que você é o “tradutor” do seu bichinho.
Embora os veterinários sejam treinados e estudem muito para detectar sinais de doenças nos nossos amigões, você pode ajudar muito, e ter um papel fundamental na detecção do problema e na chance de recuperação do seu peludo se souber o que procurar e o que deve ser levado ao conhecimento do seu veterinário o quanto antes.
Para quem quer estar atento aos principais sinais de problemas de saúde nos nossos amigões, aí vão as nossas dicas:
Apetite: Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, não é normal que o seu peludo fique enjoando sempre da ração. Cães saudáveis adoram comer e estão sempre interessados em seus pratos de comida. Filhotes ficam um pouco enjoados para comer quando estão trocando os dentes-de-leite. Nestes casos usar um grão menor de ração, quebrar o grão que você está usando atualmente, ou colocar um pouquinho de água morna sobre a ração seca deve ser o suficiente para facilitar a vida dos pequeninos.
Dias de muito calor também podem deixar os cães (filhotes ou não) meio sem fome, mas se o seu bicho tem comido muito pouco, ou praticamente nada, por mais de 3 dias seguidos, é hora de ir procurar o doutor.
Existem muitas doenças que deixam nossos peludos sem apetite e precisam de tratamento adequado para que os bichos não fiquem ainda pior. Alguns exemplos comuns, que muitas vezes passam desapercebidos dos donos, são quando nossos peludos não estão comendo porque estão com doenças transmitidas por carrapatos, por infestação de vermes, ou mesmo por eles estarem com algum corpo estranho no aparelho digestivo (cães engolem pedaços de panos, brinquedos, esponjas, caroços de frutas, etc).
Sede: Fique atento com a quantidade de água que seu cachorro anda consumindo. Beber água demais, ou água de menos, também pode indicar um problema de saúde. Claro que é preciso levar-se em consideração a temperatura do dia (dia mais quente, mais água – dia muito frio, menos água), e também a mudança nos hábitos do peludo (você começou a levá-lo para uma série de exercícios diários? Houve troca na marca da ração?), mas se o peludo tem mudado a quantidade de água ingerida por uma semana seguida é bom falar com o seu veterinário. Cães podem desenvolver doenças como a diabetes, que tem como um dos possíveis sintomas (mas não o único), o consumo exagerado de água.
Uma dica para controlar a quantidade de água consumida do seu amigão é renovar o pratinho de água dele todos os dias no mesmo horário, e com o mesmo volume. Nunca deixe faltar água para o seu peludo.
Vômitos repetidos e diarréias também devem ser reportados imediatamente, bem como a mudança na freqüência com que seu peludo tem feito xixi.
Olhos: Quem já não ouviu que olhos brilhantes são sinal de saúde? E isso é verdade também para os nossos peludos. Fique atento aos olhos do seu amigão e procure o nosso amigo veterinário se eles estiverem constantemente lacrimejando, com secreção amarelada ou esverdeada, se o olho parece embaçado, se a córnea tem manchinhas ou não está totalmente transparente.
Enquanto é relativamente comum que cachorros velhinhos apresentem problemas nos olhos como cataratas, por exemplo, existem algumas raças que são mais propensas geneticamente a apresentar problemas nos olhos enquanto os cães ainda são filhotes ou bem jovens. Uma visita ao veterinário, assim que os primeiros sinais são detectados, podem salvar a visão do seu peludo. E para quem ainda não sabe, hoje existem veterinários especializados nas doenças e correções de problemas dos olhos dos nossos bichos.
Orelhas: Eu já vi muitos cachorros com otite, mas quando eu tive a minha primeira otite é que, verdadeiramente, pude entender porque os peludos podem ficar tão mal-humorados quando estão com dor no ouvido. Acredito que ninguém que já teve uma dor de ouvido intensa teria coragem de demorar a levar seu bicho ao veterinário, assim que perceber que o cão não está bem. A dor é muito intensa e contínua, verdadeiramente insuportável.
As orelhas do seu peludo devem estar sempre limpas, sem acúmulo de cera, sem cheiro forte, e seu bichão deve portar a cabeça de forma equilibrada. Se você limpar as orelhas do seu bicho e depois de 3 ou 4 dias elas já estiverem com cera escura, com cheiro forte, ou se o cão estiver coçando o orelhão constantemente, pode procurar o médico. Da mesma forma, não é normal o seu cachorro ficar com uma das orelhas caídas, ou com a cabeça pendendo para um dos lados. Fique atento também se ao acariciar as orelhas do peludo ele esfregar muito a cabeça contra as suas mãos, se ficar gemendo, ou se ele rosnar ou demonstrar desconforto.
Pêlo: Uma coisa eu preciso avisar (se é que você já não descobriu por conta própria): praticamente TODAS as raças de peludos soltam pêlos. Muitos pêlos. Tirando os Poodles, os Bichons, que praticamente só soltam pêlos nas escovas, quando escovados, e os Pelados Mexicanos, que praticamente não tem pelo nenhum, cães com pêlos soltam pêlos.
Embora a aparência do pêlo seja um indicativo importante da saúde geral do bichão, é muito difícil determinar a quantidade de pêlo que é “normal” um cachorro soltar, bem como qual é a textura saudável do pêlo. A verdade é que existe uma variedade muito grande entre as raças. Existem cães de pêlo longo, pêlo curto, com subpêlo (uma segunda camada de pêlos, menor e mais fininhos que servem para dar uma proteção extra para as raças que são originárias de países frios, como o Husky Siberiano, por exemplo),sem subpêlo, de pêlo duro e áspero, de pêlo macio, e por aí vai.
Nos países que possuem as estações do ano bem definidas é praticamente certo que os cães terão uma grande mudança de pêlos no final do outono e no final da primavera. Isso porque eles precisam estar prontos para as mudanças drásticas nas temperaturas. No Brasil, e principalmente nas cidades onde o clima é mais regular o ano todo, a gente acaba tendo troca de pêlos o ano todo, o que dificulta ainda mais a gente perceber mudanças sutis na saúde do nosso bichão. Mas, mesmo com tantas diferenças entre as diversas raças, e com o nosso clima sendo menos definido, é certo que um cachorro saudável terá o pêlo brilhoso, nunca ressecado, sem “caspinhas”, sem odor muito forte, e com uma queda praticamente estável o ano todo. As fêmeas podem apresentar uma variação maior do que os machos, perdendo mais pêlos depois de sair do cio, ou depois de amamentar os filhotes, por razões hormonais.
Um banho morninho e uma boa escovada quando o pêlo já estiver seco é um bom teste para você checar a saúde do pêlo do seu bichão. Depois do banho e da escovada dê uma boa olhada no pêlo de seu amigão, inclusive virando os pêlos no sentido contrário do crescimento. Eles devem estar brilhosos, a pele deve estar limpinha, sem machucados ou casquinhas, e você deve ser capaz de ver os pelinhos novos que estão crescendo. Se ao invés disso você continuar com um cão cujo pêlo está opaco, “grudado” na pele, com caspas, ou com falhas (áreas onde o pêlo não está nascendo), não perca tempo e leve o bichão para uma consulta.
Peso: Existem cachorros que são mais propensos a ficarem gordinhos, outros parecem que estão sempre em forma e que nunca vão engordar. Existem cães que podem comer até caírem duros (Meu Jack Russell é um destes) e outros que comem só o que precisam para ficarem alimentados (caso no meu Vira- Lata). Conhecer os hábitos alimentares do seu cão e controlar o peso dele nos dá um bom indicador de saúde.
Tal como nós, os peludos não devem apresentar um aumento muito rápido de peso, nem uma diminuição. É consenso que o cachorro saudável não deve ter uma camada de gordura que dificulte a gente sentir as costelas quando passamos a mão na lateral do corpo dele, e nem tão magrinho que possamos ver as costelas através da pele. Cães também podem sofrer de desnutrição e de obesidade mórbida e em ambos os casos a saúde do peludo estará correndo sérios riscos.
Converse com o seu veterinário para saber qual é a melhor ração para manter seu amigo saudável e bem alimentado. Economizar na ração não é uma boa idéia. Procure fornecer sempre a melhor ração que o seu orçamento permitir e informe-se, pois hoje existem rações para perda de peso, para cachorros que têm alergia, para cachorros que já são mais velhinhos, e muitas outras específicas para ajudar os peludos que possuem alguma doença.
Xixi: Quem diria, até xixi do nosso cão pode nos dizer bastante sobre a saúde dele! O xixi do seu peludo deve ser clarinho, transparente e com odor moderado. Sinais de sangue na urina, um xixi de coloração muito forte ou turvo deve ser levado ao conhecimento do seu veterinário. Não devemos esquecer que os rins são grandes filtros, que ajudam nossos bichos a ficarem livres de toxinas. Problemas nos rins se tornam uma ameaça grave a vida de nossos amigos se eles não forem tratados.
Cocô: tal como o xixi dos nossos peludos, o cocô também deve ser “observado”. Tudo bem, você não precisa pagar mico de ficar no meio da rua tentando fazer uma análise clínica do cocô do peludo, mas se você ficar de olho vai perceber quando alguma coisa está errada. A cor do cocô do seu peludo pode variar bastante, principalmente se ele come uma ração que possuiu corantes.
Qualquer tom de marrom, do mais clarinho ao mais escuro é ok, mas o cocô do seu bicho não deve ser preto, pois pode ser indicação de algum sangramento gastrintestinal. Normalmente o cocô deve ser bem formado e fácil de limpar. Um cocô mole aqui e ali é normal, mas se o seu bicho tem diarréia líquida ou cocô muito mole por mais de um dia é hora de chamar o vet. Fique de olho também se o seu peludo tem dificuldades de fazer cocô, ou se ele não está fazendo cocô nenhum. Se for o caso você já sabe para quem deve ligar.
Disposição: Se houvesse apenas uma coisa que eu pudesse admirar nos cães seria a capacidade que eles têm de dormir o sono mais gostoso do mundo, a qualquer hora, em qualquer lugar, e praticamente no mesmo exato momento estar pronto para levantar, olhar para a cara da gente como se dissesse: “Ok, eu estou pronto! O que vamos fazer agora, hein, hein, hein?”
Um peludo saudável está sempre pronto para uma aventura, com os olhos brilhantes, com o rabo abanando feliz, com os músculos prontos para entrar em ação. Se o seu cão demora para se levantar, não parece estar afim de ir com você até o fim do mundo, ou se anda muito quietinho pelos cantos, é hora de marcar uma consulta com o doutor. Mesmo os filhotes e os cães velhinhos, que gostam e precisam de dormir bastante, devem demonstrar disposição quando são chamados para uma bela caminhada, para jogar um bolinha, para dar uma voltinha de carro! Um cão sem esta vontade de viver as coisas intensamente pode estar com problemas de saúde que causam dor, desconforto, ou apatia.
Fique atento também se o bicho mudar de humor “de uma hora para outra”. Problemas comportamentais não aparecem de repente. O que normalmente acontece é o bicho estar com dor, ou doente, e por isso ele se torna intolerante ou muda de comportamento, parecendo agressivo, assustado, com medo ou “neurótico”.
Estas não são as únicas formas de saber (ou desconfiar) se o seu peludo está 100% no quesito saúde física. Sempre que você desconfiar que alguma coisa não está muito certa converse com o segundo melhor amigo do seu cão, o veterinário.
Uma consulta, nem que seja por desencargo de consciência, pode salvar a vida do seu cão e muito dinheiro com tratamentos complicados e remédios mais tarde.
No final das contas o que nós queremos mesmo é que você desenvolva um programa de check-up semanal no peludão e que você possa dedicar a ele, pelo menos, uma meia horinha para saber como ele tem passado e como ele está se sentindo. Conhecer bem o seu amigo faz com que a sua relação com ele se fortaleça ainda mais.
Se antecipar a uma possível doença pode nos fazer ganhar muitos anos de vida com nossos grandes companheiros, e isso é inestimável.
Eu queria fazer uma homenagem também a todos os meus amigos que perderam seus cães nos últimos meses. Infelizmente não foram poucos, mas em todos os casos existe o conforto da certeza de que estes adoráveis peludos tiveram uma vida plena e cheia de amor, e em nenhum dos casos, por mais dolorosos e inesperados que alguns tenham sido, seus donos deixaram de fazer tudo o que era possível fazer, e a tempo, para tornar suas passagens as mais tranqüilas possíveis.